O PRIMEIRÍSSIMO: ONDE NASCEU O COSTUME DE FUMAR CANÁBIS?

Fumar canábis. Uns fumam, outros não. O tabu já foi maior do que é agora. A canábis medicinal tem benefícios, muitos deles oficialmente reconhecidos e prescritos por médicos. Mas e fumar? Já sabemos que essa é a forma mais rápida de os canabinóides entrarem na corrente sanguínea e fazerem efeito. Pode ser eficaz contra dores crónicas, por exemplo.

No entanto, também sabemos que a combustão gera substâncias prejudiciais à saúde pulmonar, o que desequilibra a balança entre riscos e benefícios. Portanto, fumar pode não ser a melhor forma de aproveitar as propriedades terapêuticas da planta.

Mas o que nos traz aqui hoje é outra questão: uma curiosidade histórica, pura e simples.

Onde foi que surgiu, pela primeira vez, o costume de fumar canábis? Em que contextos culturais ou sociais isso aconteceu? Vamos explorar essa história juntos? Espero que essa viagem seja tão interessante para você quanto foi para mim!

Uma viagem ao passado: as primeiras referências ao uso da canábis

A história do consumo de canábis remonta a milhares de anos. Acredita-se que as suas primeiras utilizações tenham ocorrido na Ásia Central, mais especificamente nas regiões que hoje conhecemos como China e Mongólia.

Por volta de 2.500 a.C., evidências arqueológicas mostram que as comunidades locais usavam a planta em cerimônias religiosas e práticas espirituais. Mas será que fumavam? Não exatamente.

Naquela época, a canábis era mais frequentemente queimada como incenso em rituais. Essa queima produzia uma fumaça que ajudava as pessoas a entrarem em estados meditativos ou a se conectarem com o divino. Um exemplo notável foi a descoberta de um túmulo em 2008, na região de Xinjiang, China. Nesse túmulo, pertencente a um xamã de 2.700 anos, foram encontrados restos de canábis com alto teor de THC. Isso sugere que a planta já era cultivada para fins psicoativos, mas a prática de fumar como conhecemos hoje ainda não havia surgido.

Fumar canábis: o começo de um hábito

A prática de fumar canábis, ao que tudo indica, surgiu séculos depois e foi popularizada em outra região: o subcontinente indiano.

Na Índia antiga, a planta era consumida em várias formas, incluindo bebidas como o bhang – uma mistura de canábis, leite e especiarias. Fumar canábis começou a se tornar comum com o uso do chillum, um cachimbo de argila tradicionalmente associado a práticas religiosas de ascetas e sadus (monges hindus).

Para esses religiosos, fumar era uma forma de alcançar estados elevados de consciência e se conectar com Shiva, o deus associado à planta.

A disseminação desse hábito foi impulsionada pelas rotas comerciais e culturais que conectavam a Índia ao Oriente Médio e à África. Ao longo do tempo, o uso recreativo e medicinal da canábis ganhou espaço em várias culturas.

O Médio-Oriente e a África

No Médio-Oriente, por volta do século IX, o consumo de canábis em forma de fumo começou a ser integrado aos costumes locais, especialmente entre as classes mais baixas. A planta era utilizada em festividades e momentos de lazer.

Já em África, a prática foi amplamente adotada em regiões como a Etiópia e a África do Sul, onde as folhas e flores eram fumadas em cachimbos rudimentares. Em ambos os casos, o hábito ganhou uma dimensão tanto social quanto espiritual.

O hábito nos tempos modernos

Com a colonização e o intercâmbio cultural, o costume de fumar canábis chegou ao Ocidente e, eventualmente, se espalhou globalmente. Nos séculos XIX e XX, a planta começou a ser associada a movimentos contraculturais e, em algumas regiões, também passou a ser criminalizada. Hoje, enquanto a canábis medicinal é amplamente discutida e aceita, o ato de fumar ainda carrega controvérsias.

Conclusão

A prática de fumar canábis é tão antiga quanto fascinante. Ela nasceu de rituais espirituais, evoluiu para usos recreativos e sociais, e continua sendo um tema em constante transformação. Seja qual for a forma como você encara a canábis, é inegável que sua história está profundamente entrelaçada com a humanidade.

E então, o que achou dessa viagem no tempo?

AVISO: ESTE ARTIGO NÃO TEM NENHUMA PRETENSÃO DE SER UM CONSELHO DE SAÚDE, É MERAMENTE INFORMATIVO, PELO QUE QUAISQUER INICIATIVAS QUE TENHA, RELATIVAMENTE À CANABIS MEDICINAL, DEVEM PASSAR SEMPRE PELO CONSELHO DO SEU MÉDICO ASSISTENTE.