CANABIS, BEBIDAS ENERGETICAS E CAFEINA: HA UM PRECO A PAGAR?
by Eunice Veloso on Dec 04, 2025
As bebidas energéticas são, inegavelmente, uma forte tendência de consumo. Quem é que nunca viu a publicidade associada ao famoso slogan "dá-te asas"?
Deixando de lado qualquer referência publicitária directa, a verdade é que estas bebidas prometem o que o nome indica: energia, normalmente alcançada através de altas doses de cafeína e outros estimulantes, como a taurina e o guaraná.
Mas o que acontece quando o efeito estimulante das bebidas energéticas é combinado com o consumo de canábis? E, indo mais além, qual é o impacto quando, de forma industrial, se adicionam canabinoides, como o CBD (canabidiol) ou o THCV (tetrahidrocanabivarinol), a estas fórmulas?
Como dizia Jorge Palma na sua canção "A gente vai continuar": "pagamos por tudo o que usamos..." Qual é o preço a pagar nesta equação? A balança entre o custo-benefício é realmente equilibrada?
Embora esta combinação possa, à primeira vista, parecer exclusiva de jovens estudantes audazes nas novas experiências, os utilizadores não se limitam a este grupo. Profissionais sob alta pressão, desportistas, trabalhadores do ramo da saúde, trabalhadores por turno em geral e entusiastas de canábis também fazem parte deste grupo.
Vamos descobrir alguns aspectos importantes juntos...
#1. O Que São Bebidas Energéticas e Porque São Populares?
Bebidas energéticas são bebidas não alcoólicas que contêm ingredientes que prometem aumentar a energia, o estado de alerta e o desempenho físico e mental.
A sua popularidade é impulsionada pela promessa de melhoria imediata da performance e combate à fadiga, tornando-se particularmente atractivas para quem procura um impulso rápido, seja para "fazer maratonas" de estudo, longas jornadas de trabalho, ou intensificar sessões de treino.
A sua composição é geralmente rica em cafeína, açúcares (ou adoçantes), vitaminas do complexo B, e aminoácidos como a taurina.
Embora o seu consumo ocasional possa parecer inofensivo, a alta concentração de estimulantes – que muitas vezes supera a quantidade recomendada para um único dia – é o principal factor de preocupação para a saúde pública, especialmente a cardiovascular.
#2. Cafeína: O Denominador Comum das Bebidas Energéticas
A cafeína é o principal ingrediente psicoactivo e estimulante presente nas bebidas energéticas.

É um alcaloide que actua como um antagonista dos receptores de adenosina no cérebro. A adenosina é uma substância química que promove o relaxamento e o sono; ao ser bloqueada pela cafeína, o resultado é um aumento do estado de alerta, da concentração e uma redução da sensação de fadiga.
2.1. Benefícios da Cafeína
Em doses moderadas (geralmente até 400 mg por dia, o equivalente a cerca de 3-4 cafés), a cafeína é reconhecida pelos seus benefícios:
- Melhora Cognitiva: Aumenta a capacidade de foco, a atenção e os tempos de reação.
- Performance Física: Pode aumentar a resistência e o desempenho durante o exercício, mobilizando ácidos gordos como fonte de energia.
- Antioxidante: Presente naturalmente no café, contribui com propriedades protectoras.
2.2. O Lado B da Cafeína (em excesso)
Apesar dos seus benefícios, a ingestão excessiva e, sobretudo, a concentração elevada típica das bebidas energéticas pode desencadear vários efeitos adversos, especialmente no sistema cardiovascular.
O excesso de cafeína aumenta a secreção da hormona do stress, o cortisol, o que resulta na subida da pressão arterial e no aumento do ritmo cardíaco, podendo levar a:
- Problemas Cardíacos: Palpitações, taquicardia e, em casos graves e frequentes, risco de arritmias, fibrilação e, eventualmente, cardiomiopatia.
- Sistema Nervoso: Ansiedade, nervosismo, tremores e insónia.
- Outros: Dores de cabeça e problemas gastrointestinais.
#3. Então e Quando é Adicionada Canábis às Bebidas Energéticas? O Resultado é Positivo ou Arriscado?
A combinação de canábis (que contém o psicoactivo THC) e bebidas energéticas (ricas em cafeína) pode ser particularmente arriscada, principalmente para o coração.
Ambas as substâncias são estimulantes do sistema nervoso central, ainda que de formas distintas, e o seu efeito combinado pode ser devastador, sobrecarregando o sistema cardiovascular.
O THC, canabinoide primário da canábis, é conhecido por aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, especialmente pouco depois do consumo. Ao ser misturado com a dose elevada de cafeína e outros estimulantes da bebida energética, o risco de taquicardia, arritmia e pressão alta dispara.
Estudos alertam para a associação entre o uso de canábis e o risco de problemas cardíacos graves, como infarto e AVC, sendo este risco potencializado na presença de outros estimulantes potentes.
A combinação cria um cocktail que pode levar o coração a girar numa "rotação máxima" perigosa, aumentando o risco de eventos cardiovasculares agudos, mesmo em jovens e indivíduos sem historial prévio de doença cardíaca.
#4. E Se Estivermos a Falar de CBD ou Outros Canabinoides Adicionados à Cafeína? Os Resultados São Positivos ou Arriscados?
A situação muda drasticamente quando em vez do THC, estamos a falar de canabinoides não psicoactivos, como o Canabidiol (CBD) ou o Tetrahidrocanabivarinol (THCV), adicionados à cafeína – uma tendência crescente no mercado de bebidas funcionais.
O CBD é frequentemente visto como um modulador, que pode ajudar a contrabalançar o lado B da cafeína. Em vez de aumentar a ansiedade e os tremores causados pelo excesso de estimulação, o CBD pode:
- Prolongar o Foco: Ajuda a prolongar o estado de alerta e concentração alcançado pela cafeína, mas com uma sensação de calma.
- Equilíbrio: Reduz a sensação de inquietação associada à cafeína, promovendo um equilíbrio geral no sistema nervoso.
- Efeito Antagonista: Enquanto a cafeína bloqueia a adenosina para promover a vigília, o CBD é um modulador, que pode melhorar a eficiência da adenosina, resultando num estado de alerta focado, mas não nervoso.

Canabinoides como o THCV, apesar de serem menos estudados, são por vezes incluídos nestas formulações devido ao seu potencial energético, sem o efeito psicoactivo do THC.
Em termos de risco cardiovascular, a combinação de CBD e cafeína (e outros canabinoides não-THC) parece ser menos arriscada do que a mistura de THC e cafeína, embora seja crucial a moderação e a atenção à dose total de estimulantes.
#5. Conclusões
O consumo de bebidas energéticas, isolado ou em combinação com canábis, exige extrema cautela.
A mistura de canábis com THC e estimulantes como a cafeína acarreta um risco cardiovascular elevado, sobrecarregando o coração de forma perigosa e desnecessária.
Por outro lado, a combinação de CBD/THCV com cafeína tem demonstrado um potencial de sinergia mais positivo, onde o CBD pode mitigar os efeitos adversos da cafeína, promovendo um estado de alerta e concentração mais focado e menos ansioso.
No entanto, mesmo estas novas formulações exigem moderação, pois o alto teor de cafeína e outros estimulantes nas bebidas energéticas, por si só, já representa um fator de risco. O preço a pagar é sempre a saúde, e a moderação é a chave para manter a balança em equilíbrio.
REFERÊNCIAS:
Escrito com a ajuda da IA
https://www.baymedica.com/rare-cannabinoids-cannabis-energy-drinks/
https://www.cibdol.pt/enciclopedia-cbd/cbd-e-cafeina-posso-mistura-los
https://docmj.com/how-the-trend-of-mixing-energy-drinks-and-cannabis-is-putting-your-health-at-risk/
http://integrativemedicineofnj.com/caffeine-marijuana-effects-on-the-heart
https://www.cannabisesaude.com.br/cafe-e-cannabis/
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https://www.hempathiclight.com/blogs/news/canabis-cbd-afinal-sobem-ou-baixam-a-pressao-arterial
AVISO: Este artigo tem carácter unicamente informativo e não deve ser interpretado como aconselhamento médico. Qualquer decisão relacionada ao uso de canábis medicinal deve ser tomada exclusivamente sob orientação do seu médico assistente.