CANABIS E BIPOLARIDADE: FASES DE BRAVURA OU RISCO? O PAPEL DO THC E DO

Se tem um diagnóstico clínico de bipolaridade ou conhece alguém que tem, é possível que lhe tenha passado pela cabeça o uso de canábis em geral ou do CBD em específico para atenuar as oscilações extremas de humor, para dizer de uma forma simpática porque o assunto envolve riscos sérios.

Embora o CBD (Canabidiol) seja conhecido pelas suas propriedades terapêuticas ansiolíticas e esteja a ser avaliado o seu potencial terapêutico ao nível da estabilização do humor, a verdade é que pouco se sabe sobre os seus efeitos de longo prazo.

E também já sabemos que a investigação científica da indústria farmacêutica só terá interesse em investigar se puder patentear. E não pode patentear a natureza, porque esta é de todos: teria de fabricar um químico sintético equivalente.

Mas se há um diagnóstico de bipolaridade, então sabe que o humor vai do 8 ao 80. Os sintomas de bipolaridade manifestam-se nos extremos:

Os sintomas da bipolaridade incluem períodos de:

Euforia e energia excessiva (mania ou hipomania)
Períodos de tristeza profunda e falta de energia (depressão)

A mania é caracterizada por autoestima inflamada, necessidade reduzida de sono, fala rápida, pensamentos acelerados, comportamento impulsivo e gastos excessivos.

Sob um céu azul a imagem de uma cabine de montanha russo em movimento de descida com elevada inclinação.

A depressão apresenta tristeza profunda, irritabilidade, falta de energia e de vontade para realizar actividades: níveis de estamina muito baixos.

"Fumar um" como mecanismo de coping para acalmar os sintomas pode ser uma péssima ideia. Tomar CBD por conta e risco pode parecer uma solução, mas comporta riscos...

Em qualquer circunstância, o melhor é consultar o seu médico porque as interações, com o organismo por si só, conjuntamente com a medicação que toma, podem ser imprevisíveis.

Mas fica aqui o panorama geral do que se sabe até hoje sobre a canábis e a bipolaridade.

#1. A Montanha-Russa do Humor: O Impacto da Bipolaridade no Quotidiano

O Transtorno Afectivo Bipolar (TAB) é uma condição crónica que afecta significativamente a vida diária e a funcionalidade. A imprevisibilidade da mudança de humor entre a mania e a depressão causa instabilidade nas relações pessoais, na vida profissional e nas finanças.

A doença é uma das principais causas de incapacitação global, exigindo um tratamento rigoroso e contínuo. As alterações cerebrais e neuroquímicas, nomeadamente nos sistemas de neurotransmissão (como o glutamato), sublinham a sua seriedade, exigindo estabilizadores de humor e acompanhamento terapêutico constante.

É nesta busca por estabilidade que muitos consideram o uso da cannabis, ignorando os riscos neuro químicos subjacentes.

#2. THC: O Risco de Desencadear a Mania e a Psicose

O consumo de canábis em indivíduos com TAB é uma preocupação clínica devido aos seus potenciais efeitos negativos. O componente psicoativo, THC (Tetrahidrocanabinol), está fortemente associado ao risco de exacerbar os sintomas maníacos e pode aumentar a probabilidade de psicose em indivíduos vulneráveis.

O uso regular de canábis pode precipitar episódios de picos de humor ou mesmo piorar o prognóstico geral da doença, dificultando a estabilização necessária.

O CBD, embora não seja psicoactivo, não está isento de riscos quando se trata de interações medicamentosas. O CBD pode influenciar a forma como o corpo metaboliza certos estabilizadores de humor ou antidepressivos, alterando a sua eficácia e potencializando efeitos colaterais.

A automedicação com qualquer produto à base de canábis pode ser perigosa e desequilibrar um tratamento médico que esteja em curso.

O THC age activamente no cérebro, enquanto o CBD tem um perfil não-psicoactivo, mas ambos afectam o complexo sistema endocanabinoide.

Sob um fundo amarelo, o homem de barba, apresenat uma alegria eufórica enquanto segura notas de dólares em leque, em cada uma das suas mãos

#3. CBD: Promessa Terapêutica, Efeitos de Longo Prazo Desconhecidos

O CBD (Canabidiol) tem sido objecto de estudo devido ao seu potencial terapêutico, principalmente por ser um componente não psicoactivo com propriedades neuroprotectoras, ansiolíticas e anti-inflamatórias.

Algumas investigações iniciais sugerem que o CBD pode actuar como um estabilizador do humor e até demonstrar uma actividade antipsicótica, o que seria benéfico durante episódios maníacos com características psicóticas.

Pacientes relatam ocasionalmente o uso de CBD como uma terapia adjuvante para aliviar sintomas relacionados, como ansiedade, insónia ou dor crónica, que frequentemente acompanham o TAB. No entanto, é crucial notar que a evidência científica robusta (ensaios clínicos controlados) é ainda insuficiente.

A pesquisa continua a avaliar se extractos de canábis com uma elevada proporção de CBD para THC podem oferecer benefícios sem os riscos psicóticos associados ao THC puro.

#4. Conclusões

A decisão de usar canábis ou CBD no contexto do Transtorno Afectivo Bipolar é complexa e deve ser abordada com extrema cautela.

Enquanto o THC representa um risco claro de agravamento dos sintomas e de precipitação da mania, o CBD é uma área de investigação promissora, mas ainda não comprovada como tratamento para a bipolaridade.

A falta de ensaios clínicos robustos de longo prazo significa que não há garantia da sua segurança ou eficácia.

Para qualquer pessoa com diagnóstico de TAB, a prioridade absoluta é a consulta e supervisão médica. Interações medicamentosas e a desestabilização do humor são riscos demasiado altos para serem ignorados.