Mulher jovem ao volante de um automóvel, num ângulo  em que se vê o tablier do automóvel, do interior
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CANABIS NA SUA VIATURA?

by Eunice Veloso on Jul 31, 2025

É possível que, um dia destes, se veja dentro de uma viatura... com canábis.
"Ai a polícia!" — Calma! Nada disso. Na verdade, é mais um caso de "Ai: o automóvel!"

Estamos a falar de cânhamo industrial. E nesta fase, já quase toda a gente sabe que o cânhamo é uma variedade da planta canábis.

O que talvez nem todos saibam é que esta planta, incrivelmente versátil, tem vindo a conquistar espaço em várias indústrias — da moda à construção civil, passando agora… pelos veículos motorizados.

Sim, leu bem.  Carros. Canábis na sua viatura — e não estamos a brincar.
Por mais estranho que possa parecer, o cânhamo está a entrar no mundo automóvel — e não é de agora.

Na verdade, esta ideia remonta à década de 40. Em 1941, Henry Ford apresentou um automóvel ecológico que nunca chegou a ser comercializado. Os ingredientes exatos usados nos painéis de plástico continuam envoltos em algum mistério, já que a fórmula original se perdeu. Ainda assim, o New York Times da época noticiava que "um dos plásticos desenvolvidos pelos químicos da Ford era um composto de 70% de fibra de celulose e 30% de resina aglutinante".

Essa fibra incluía 50% de fibras de pinho, 30% de palha, 10% de cânhamo e 10% de rami — um material utilizado pelos antigos egípcios no embalsamamento de múmias.
Pode ter sido mesmo assim… ou não. Mas o que é certo é que o cânhamo tem regressado com força — e agora, com tecnologia por trás.

 

#1. Porquê o Cânhamo na Indústria Automóvel

 

Nos dias que correm, com a crescente preocupação com as alterações climáticas, a sustentabilidade e a preservação dos ecossistemas, a indústria automóvel tem sido chamada a reduzir o seu impacto ambiental. Sabemos que os processos industriais e a queima de combustíveis fósseis são grandes responsáveis pela emissão de gases poluentes como CO₂, metano(CH4), óxidos de azoto e outros compostos nocivos.(CH4), óxido nitroso (N2O), Gases fluorados, Monóxido de Carbono (CO), Dióxido de Enxofre (SO2), Óxidos de nitrogênio (NOx)].

Com milhões de veículos a circular pelo planeta e a miir gases para a atmosfera, a pressão sobre este sector aumentou — e a resposta tem sido visível: começou pelos combustíveis alternativos, motores mais eficientes,  e, mais recentemente, uma revisão dos próprios materiais utilizados nos automóveis.

Um mão masculina a segurar uma entre várias amostras de têxteis para interiores automóveis,

É aqui que entra o cânhamo. Esta planta, considerada uma das matérias-primas mais sustentáveis do mundo, está a conquistar espaço como substituto ecológico para plásticos, espumas, têxteis e até borrachas sintéticas. Ao integrar fibras de cânhamo na construção de painéis interiores, assentos ou pneus, os veículos tornam-se mais leves, mais seguros e consomem menos energia. Além disso, o cânhamo é biodegradável, requer pouca água para crescer e absorve grandes quantidades de CO₂ durante o seu cultivo.

De Henry Ford à Volkswagen, a história está a provar que o futuro da mobilidade pode mesmo passar por esta planta milenar.


#2. Como é que o Cânhamo está a ser utilizado na Indústria Automóvel

 

O cânhamo industrial tem ganho espaço na indústria automóvel devido à sua leveza, durabilidade e sustentabilidade. 

Marcas de prestígio como a Volkswagen estão a desenvolver materiais para interiores de veículos baseados em fibras de cânhamo 100% biobase, como o novo material LOVR™ (a sigla signific "lether-free", "Oil-free", "Vegan" e "Residue-based"), criado em parceria com a start-up Revoltech, e previsto para produção a partir de 2028 (Volkswagen Newsroom). 

Este material é fabricado com resíduos regionais da indústria do cânhamo, pode ser produzido em instalações existentes e é reciclável ou compostável ao fim da vida útil do veículo (Volkswagen Newsroom).

Além disso, fabricantes têm incorporado fibras vegetais em painéis interiores e plásticos reforçados. Exemplo disso são os dashboards que usam cânhamo, bem como pneus que combinam fibras naturais, como cascas de citrinos, para reduzir peso e impacto ambiental.

O cânhamo pode ainda ser usado como biocombustível neutro em CO₂ e reforço estrutural em carroçarias e componentes. Henry Ford já explorava estas possibilidades nos anos 30, quando testou fibras de cânhamo e soja num protótipo de automóvel ecológico (sensiseeds.com).

Em suma, o cânhamo está a emergir como um pilar da mobilidade sustentável, unindo inovação, economia circular e desempenho automóvel.

Estofos de automóvel, com aparência de couro. Mão enluvada a aplicar um produto para limpa os estofos.

#3. Quais as empresas do ramo automóvel que estão na vanguarda da utilização do cânhamo no processo de fabrico?

 

A indústria automóvel está a apostar cada vez mais em materiais sustentáveis, e o cânhamo tem um papel cada vez mais importante.

A francesa Faurecia, líder mundial em peças automóveis, combina cânhamo com plásticos derivados do petróleo, com vista a criar componentes mais leves — portas feitas com cânhamo podem reduzir o peso em até 25%. A empresa ambiciona chegar a materiais 100% biológicos nos próximos anos.

Nos EUA, o empreendedor Bruce Dietzen criou o desportivo Renew, cuja carroçaria é feita de cerca de 100 kg de tecido de cânhamo entrelaçado, em três camada, conferindo-lhe maior leveza e resistência a mossas — até 10 vezes superior ao aço.

A Volkswagen, em parceria com a start-up alemã Revoltech GmbH, desenvolveu o LOVRTM, um substituto ao couro sintético feito 100% de resíduos do cânhamo industrial. Este material sustentável será usado a partir de 2028 e é reciclável, compostável e produzível em larga escala.

Um bocadinho á margem do sector automóvel, a Vulcana,  nos EUA, reutiliza pneus usados e integra cânhamo na sua linha de produtos sustentáveis, como tecidos, revestimentos e malas.


Além disso, porque nem só de cânhamo vive a indústria automóvel ecológica, empresas como a Continental exploram plantas como o dente-de-leão russo para substituir o látex em pneus (juntamente com óleo de girassol para maior flexibilidade a baixas temperaturas e resina de casca de limão para reforçar a rigidez). Por seu lado, a BMW já utiliza fibras vegetais no seu BMW i3, com painéis interiores de eucalipto, contribuindo para a eficiência energética do veículo.

O futuro da mobilidade passa não só pela energia dos veículos, mas também pelos materiais que os compõem — e o cânhamo está, de certa forma, no centro dessa revolução.

 

REFERÊNCIAS e ARTIGOS RELACIONADOS:
Escrito com a ajuda da IA

https://phys.org/news/2016-01-automakers-green-hemp-citrus.html

https://www.forbes.com/sites/jimgorzelany/2016/06/03/tires-made-from-weeds-and-a-car-made-from-weed/

https://vulcana.net/the-manufacturing-process/

https://www.volkswagen-newsroom.com/en/press-releases/imitation-leather-from-industrial-hemp-innovative-and-sustainable-material-for-future-car-interiors-18665

https://www.bbc.com/portuguese/geral-59123741

 

AVISO: Este artigo tem caráter unicamente informativo e não deve ser interpretado como aconselhamento médico. Qualquer decisão relacionada ao uso de canábis medicinal deve ser tomada exclusivamente sob orientação do seu médico assistente.

 

 

 

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