Desejo, Equilíbrio e Canábis: O Que Todas As Mulheres Precisam De Saber
by Eunice Veloso on Jul 17, 2025
Vamos Conversar de Mulher para Mulher — Uma Conversa Sincera
Talvez por conta a importância da maternidade, a sexualidade feminina tenha sido reprimida durante milénios. Ao tentar corrigir esse desequilíbrio, muitas vezes acabamos por cair no extremo oposto: a banalização total.
Mas o verdadeiro equilíbrio — tanto físico quanto mental — reside justamente entre esses dois extremos: entre a repressão e beatificação da sexualidade feminina, como se sua única função fosse a procriação, e a sua redução ao mero entretenimento.
A repressão não é saudável. Mas a banalização também não. E embora isso valha para todos os géneros, aqui a conversa é entre mulheres — de mulher para mulher.
A sexualidade feminina é parte da nossa natureza. Tem um quê de sagrado (mas não no sentido religioso), não é fútil — é humana. E permanece presente mesmo nas fases mais avançadas da vida, mesmo em corpos marcados pelo envelhecimento e/ou pela demência. Corpo e mente operam juntos — sempre.
Por isso, é fundamental falar sobre a função sexual no feminino. E entender como algo como a canábis pode influenciar essa experiência. Será que ajuda? E se sim, de que forma?
Vamos descobrir juntas.
#1. O Que é a Disfunção Sexual Feminina?
Antes de entrarmos no tema da canábis, é importante entender o que significa, na prática, ter uma sexualidade que não funciona como deveria.
A disfunção sexual feminina refere-se a dificuldades em qualquer fase da resposta sexual — desejo, excitação, orgasmo ou dor durante a relação. Tudo isso pode comprometer o bem-estar e a qualidade de vida da mulher.
As principais manifestações incluem:
- Desejo sexual hipoativo: falta persistente de interesse sexual.
- Disfunção da excitação: dificuldade em manter lubrificação ou prazer.
- Disfunção do orgasmo: ausência ou dificuldade em atingir o orgasmo, mesmo com estímulo adequado.
- Dor genito-pélvica: dor durante a relação (dispareunia) ou contrações involuntárias que impedem a penetração (vaginismo).
-
Hiperatividade sexual: impulsos sexuais excessivos que causam sofrimento ou prejuízo (transtorno do comportamento sexual compulsivo - TCSC).
Esses quadros podem ter causas físicas (doenças, alterações hormonais, menopausa), psicológicas (ansiedade, traumas, autoestima) ou relacionais (conflitos, falta de intimidade). Reconhecer e cuidar desses fatores é essencial para restaurar o prazer e o equilíbrio.

#2. Como a Canábis Pode Impactar a Função Sexual Feminina?
Há um crescente interesse científico sobre como a canábis afeta a sexualidade — especialmente no feminino. Diversos estudos transversais analisaram os efeitos do consumo, inclusive entre mulheres que nunca haviam usado antes.
Nota importante: esses estudos têm limitações — por exemplo, baseiam-se em auto-relatos e não estabelecem causalidade. Ainda são necessários estudos longitudinais e controlados para conclusões mais robustas, especialmente sobre efeitos hormonais, neurológicos e comportamentais.
Abaixo, duas perguntas fundamentais — e o que a ciência já sabe até agora:
Q1 – O uso de canábis afecta a frequência sexual?
Sim. O consumo de canábis tem sido associado ao aumento da frequência sexual, sobretudo entre mulheres.
-
- Um estudo mostrou que mulheres usuárias diárias relataram uma média de 7,1 relações sexuais nas últimas 4 semanas, contra 6,0 entre não usuárias .
- Outro estudo com 452 mulheres mostrou que quanto maior a frequência de uso (≥6 vezes por semana), maior a pontuação no índice de função sexual feminina (FSFI), indicando mais desejo, excitação e satisfação .
- Cada uso adicional por semana esteve ligado a um aumento de 0,61 na pontuação do FSFI. Além disso, houve redução de 21% no risco de disfunção sexual a cada aumento na frequência.
Até ao momento, não foram identificados efeitos negativos consistentes relacionados à frequência sexual.
Q2 – A canábis influencia a ocorrência, intensidade e frequência do orgasmo?
Sim. Há evidências de que o uso de canábis pode melhorar significativamente o orgasmo — especialmente em mulheres com dificuldade orgástica (FOD- Female Orgastic Disorder).
-
- Em um estudo com 387 mulheres, 72,8% relataram mais frequência de orgasmos, 71% disseram ser mais fácil atingi-los, e 67% sentiram maior satisfação.
- Entre as que raramente tinham orgasmos, 28,7% passaram a tê-los após o uso.
- Outro estudo (PMC) também mostrou melhorias no domínio “orgasmo” do FSFI entre usuárias regulares.
- Produtos tópicos com THC (como lubrificantes) também foram associados a orgasmos mais rápidos e intensos.
É importante lembrar que os efeitos variam conforme o perfil de cada mulher. Mais estudos clínicos são necessários para entender melhor os mecanismos envolvidos.

3. Conclusão — Uma Nova Perspectiva para o Prazer Feminino
Os estudos apontam para uma associação positiva entre o uso de canábis e a função sexual feminina — especialmente entre mulheres que enfrentam desafios como baixa líbido ou dificuldade em atingir o orgasmo.
A canábis pode ajudar a reduzir a ansiedade, aumentar a excitação e fortalecer a conexão emocional com o(a) parceiro(a). Ao atuar tanto no corpo quanto na mente, pode facilitar a resposta sexual e ampliar o prazer.
Mas é importante reforçar: cada mulher é única. Os efeitos podem variar e ainda não há evidências definitivas. O uso deve ser consciente, informado e, idealmente, acompanhado por profissionais de saúde.
Falar sobre sexo e prazer também é um acto de autocuidado e de saúde.
Vamos continuar essa conversa — de mulher para mulher.
REFERÊNCIAS e ARTIGOS RELACIONADOS:
Escrito com a ajuda da IA
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC7691883/
https://www.mdpi.com/2411-5118/6/3/31
https://inhalemd.com/boston-marijuana-doctor-male-female-sexual-enhancement/
https://www.medscape.org/viewarticle/889543?reg=
AVISO: Este artigo tem caráter unicamente informativo e não deve ser interpretado como aconselhamento médico. Qualquer decisão relacionada ao uso de canábis medicinal deve ser tomada exclusivamente sob orientação do seu médico assistente.