O USO DE CANÁBIS PODE AFECTAR A TUA MEMÓRIA?

INTRO

A  resposta curta e grossa para a pergunta do título deste blog seria: sim.

E é um “sim” seguido de uma  série de “mas”:

… Mas depende se estamos a falar de memória de longo prazo ou a memória de curto prazo

… Mas depende do rácio entre os terrores de THC (tetrahidrocanabinol) e de CBD (canabidiol)

… Mas depende da idade

... Mas depende se o objetivo é eliminar memórias intrusivas (trauma) e/ou medos aprendidos

… Mas depende se a pessoa sofre de alguma doença degenerativa que possa ter associada a perda de memória (Parkinson, que frequentemente evolui para demência, Alzheimer, doença de Huntington Chorea, ou epilepsia).

Aqui também tal como em muitos outras aspectos da vida, entre o preto e o branco, existe uma panóplia imensa de cinzentos.

#1. A CANÁBIS E A TUA MEMÓRIA

É comum associar o uso de canábis à perda de memória. E pode acontecer.

E normalmente é um processo temporário, que fica resolvido com uma abstinência de 72 horas a 1 mês.

Mas depende se se trata de um cérebro jovem ou o cérebro de um consumidor frequente de longa data.

Efectivamente pode comprometer os processos onde a memória participa, nomeadamente na aprendizagem. E isso (a aprendizagem) pode acontecer em qualquer idade.

Mas antes é preciso distinguir a memória de curto prazo da memória de longo prazo. 

A memória de curto prazo é onde os eventos são armazenados de forma temporária.

Para que os eventos passem a memória de longo prazo, têm que ser consolidados: poderão ser ou não. Nesta “zona” do cérebro são armazenadas as memórias por tempo indeterminado.

Quando ocorre uma intoxicação pela canábis, esse evento pode alterar ou distorcer o processamento da memória de curto prazo.

#2. A CANÁBIS NO CÉREBRO ADOLESCENTE

O THC (tetrahidrocanabinol) é o componente  psicotrópico e mais abundante na canábis . Mais do que o teor em CBD.

Acontece que a canábis dos dias de hoje, quando comparada com a canábis da década de 80,  tem teores de THC muito superiores.

E o rácio entre THC/CBD foi verificado pelos investigadores como sendo importante, porque a presença do CBD protege o cérebro dos eventuais efeitos negativo do THC

Variantes de canábis com elevados teores de THC e baixos teores de CBD tem um efeito prejudicial  na memória de curto prazo , particular mente nos adolescentes. O maior problema é a capacidade de reter e lembrar posteriormente a informação.

No adolescentes chega a ser mais negativo o impacto da canábis comparativamente ao álcool:

• Doses elevadas ou uso mais frequente de canábis pode também causar danos à memória de longo prazo
• Dificulta a aprendizagem eficaz
• Dificulta capacidade de concentração numa tarefa
• A combinação o álcool com a cannabis resulta num mix de danos cerebrais e impactos capacidade de memória mais acentuados
• Jovens que utilizam a canábis com frequência têm córtices cerebrais (frontal e temporal) mais estreitos, menos densos. Essas áreas são fundamentais para o processamento da memória para aprender e reter a informação durante os estudos.
• Em experiências em animais, ratos adolescentes, a exposição ao THC afectou a memória e a neuro plasticidade assim como o objetos de estudo apresentaram uma disfunção no seu comportamento social.

Felizmente essa disfunção da memória humana pode ser revertida logo que haja interrupção do consumo de canábis, no espaço de 72 horas a 1 mês, tal como foi anteriormente referido.

#3. O CBD, O THC, A CONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA

Fala-se que o uso de canábis pode causar psicose e pode prejudicar a memória. É, no entanto, importante frisar que o tipo de canábis, o seu teor em THC e em CBD e que vão determinar os riscos e benefícios específicos.